Starship da SpaceX se despedaça no Oceano Índico após novo teste conturbado

A SpaceX enfrentou mais um revés na sua jornada rumo a Marte. Na terça-feira (28), o protótipo mais recente do foguete Starship se desintegrou sobre o Oceano Índico, após completar parcialmente um voo de teste que, apesar de ir além das tentativas anteriores, apresentou falhas críticas.
O lançamento ocorreu às 18h36 (horário local) a partir da base da empresa no sul do Texas, próxima à vila que recentemente decidiu mudar seu status para cidade, adotando o nome de Starbase. Esse local é o coração das operações da SpaceX voltadas para o desenvolvimento do maior e mais potente veículo de lançamento já construído.
Os primeiros sinais de problemas surgiram quando o propulsor da primeira etapa, o Super Heavy, explodiu em vez de realizar o pouso planejado no Golfo do México. Logo depois, as imagens da transmissão ao vivo mostraram a nave da segunda etapa sem conseguir abrir as portas que permitiriam o lançamento de uma carga simulada de satélites Starlink.
Apesar de o foguete ter atingido uma distância maior do que nos testes anteriores, vazamentos e perda de controle fizeram com que a nave começasse a girar desordenadamente durante seu voo suborbital. Ao reentrar na atmosfera, o veículo se desintegrou.
“Starship passou por uma desmontagem rápida não programada”, declarou a SpaceX em sua conta oficial na plataforma X (antigo Twitter), recorrendo a uma expressão já conhecida da empresa para indicar falhas. A empresa destacou ainda que tirará lições importantes desse novo contratempo.
Elon Musk, fundador da SpaceX, afirmou que o ritmo dos próximos lançamentos será acelerado. “A cadência de lançamentos para os próximos três voos será mais rápida — aproximadamente um a cada três ou quatro semanas”, afirmou. No entanto, não confirmou se manterá a prometida transmissão ao vivo sobre Marte, que vinha sendo divulgada.
O voo desta semana só foi autorizado pela Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) quatro dias antes, após o encerramento de uma investigação sobre incidentes anteriores, que haviam deixado o Starship em solo por quase dois meses. Nos dois testes anteriores, em janeiro e março, o veículo explodiu logo após a decolagem, espalhando destroços por partes do Caribe e afetando dezenas de voos comerciais na região.
Como precaução, a FAA ampliou as zonas de risco de queda de destroços ao longo da trajetória de ascensão para o lançamento desta semana.
Mesmo diante dos riscos, o entusiasmo do público permaneceu forte. Dezenas de entusiastas espaciais se reuniram no Parque Isla Blanca, na Ilha South Padre, para acompanhar o evento. Pequenas embarcações de turismo também ocuparam a lagoa próxima ao local. Na sala de controle da Starbase, Elon Musk foi visto com uma camiseta estampada com os dizeres “Occupy Mars”.
Entre os presentes, estava Piers Dawson, um australiano de 50 anos, que contou à AFP estar “obcecado” pelo foguete e ter planejado suas férias em família com base na data do lançamento. Era sua primeira viagem aos Estados Unidos, acompanhado da esposa e do filho adolescente, dispensado da escola para a ocasião.
Outro entusiasta, Joshua Wingate, empreendedor de tecnologia de 33 anos vindo de Austin, expressou entusiasmo mesmo com o fracasso: “Na ciência não existe falha — você aprende com cada teste. Então foi empolgante assistir, mesmo assim.”
A SpaceX segue determinada a aperfeiçoar o Starship, veículo considerado essencial para os planos de Musk de estabelecer presença humana em Marte. Mas, como o teste desta semana demonstrou, o caminho até lá ainda está repleto de desafios.